Ilustração Campanha Babilônia e Chapéu Mangueira contra o Coronavírus

Babilônia e Chapéu Mangueira Contra o Coronavírus – Uma soma de solidariedade em tempos de pandemia

[vc_row][vc_column][vc_column_text]A pandemia pegou a humanidade de surpresa, e com os moradores da Babilônia e do Chapéu-Mangueira não foi diferente. Foi com espírito de solidariedade que o morador do Chapéu Mangueira, Dinei, nascido no Chapéu Mangueira e morador da Babilônia e um dos fundadores da Revolusolar, se uniu a lideranças e organizações locais para ajudar os moradores das favelas.

Aqui ele nos conta uma história de união, coragem e esforço no enfrentamento à COVID-19.[/vc_column_text][vc_column_text]

O Início do Trabalho e sua Expansão

Mobilização Inicial

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“Quando começou a fechar a praia, shopping, comércio, a gente sentiu necessidade de montar esse movimento da Babilônia e Chapéu Mangueira contra o Coronavírus. De imediato, já entramos em contato com a associação de moradores e com o pessoal da Revolusolar, que prontamente nos apoiou em tudo, montando cesta básica e kit de higiene. Daí começou uma ação que a gente não tinha noção como seria”.

A campanha foi divulgada nas redes sociais e o retorno foi bastante positivo. Com recursos limitados, foram mapeados os moradores mais impactados pela pandemia. Segundo Dinei, uma boa parte dos moradores locais trabalham na praia como ambulantes e comerciantes das barracas, e logo sofreram os efeitos da pandemia no turismo e comércio da cidade. Moradores que trabalham como autônomos, profissionais do transporte interno que atuam na linha de frente, como mototaxistas e kombis, também foram priorizados para receberem alimentos, materiais de higiene e de proteção, como máscaras e álcool em gel.

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A Rede de Solidariedade Aumenta – e o Trabalho não Para

Graças a divulgação e a mobilização social, a captação de doações se expandiu. Para tal, foi preciso a união de muitos braços para promover a distribuição dos donativos. Como conta Dinei, “esse espírito comunitário voltou no meio de uma pandemia, as pessoas começam a olhar um pro outro […] Muitas pessoas morrendo e a gente na rua, andando de moto, de carro, pegando doação, trazendo pra dentro da comunidade, às vezes no meio da chuva, às vezes no meio de uma operação policial. A gente estava ali, no meio das lideranças, com os presidentes de associação de moradores num momento histórico”.

Dinei e outras lideranças locais também participaram de outra frente de esforço coletivo contra a COVID-19, capitaneada pelo cozinheiro-chefe e morador, Carlos Fontes. A iniciativa promoveu a distribuição de refeições para pessoas em situação de rua e atendeu desde moradores até imigrantes que trabalham na praia, que chegaram até o grupo em busca de auxílio.

“A gente foi pegando doação de padaria, restaurantes, bares, escolas, hotéis e começou a se fortalecer essa cozinha comunitária, que é uma cozinha dentro da quadra da FAETEC, no Chapéu Mangueira. Começamos a levar comida pra rua: café, almoço, janta […] De uma hora pra outra os moradores foram lá. A necessidade apertou. Está apertando até agora para todo mundo. Os moradores começaram a ir na quadra pegar café. No dia que não era café, era almoço; no dia que não era almoço, era janta”, completa.[/vc_column_text][vc_column_text]

Adversidades, Superação e Gratidão

A Solidariedade Venceu o Medo

Apesar de conscientes dos riscos envolvidos, Dinei e outras lideranças da campanha não recuaram na missão de auxílio aos moradores mais vulneráveis:

“A gente ali, sabendo que a qualquer momento a gente podia pegar esse coronavírus… Vários da nossa equipe pegaram. A Monique pegou, o Sassá pegou, o Nena pegou. De todo mundo da equipe, eu fui o último que estava ali na linha de frente a pegar […] E a gente com a equipe reduzida, indo pra rua, captando doações, a gente não podia deixar nenhum tipo de doação para trás […] E isso foi deixando a gente muito vulnerável. Não foi fácil a gente fazer essa ação”, diz.

E mesmo com alguns sustos no meio do caminho, o trabalho conjunto não parou:

“Foi num domingo para segunda. Já não estava me sentindo muito bem. Há alguns dias, sentia um pouco de falta de ar. Aquilo ali me deixou desesperado, porque sou do grupo de risco, sou hipertenso. Quando chegou na segunda-feira, eu estava com muita dor de cabeça, aí vim pra casa eu já sabia que poderia ser alguma coisa […] a dor de cabeça só aumentava, a febre só aumentava. No outro dia, eu já perdi o paladar, o olfato. Fiquei com desespero! Fui na clínica da família sem recurso nenhum e me deram pra tomar só remédio pra febre. Fiquei em casa me tratando. Pedia para trazer comida para cá. Foi uma dificuldade imensa. Meu filho deixava aqui na porta a comida e ia embora. Eu me sentia incapaz de não descer para rua, incapaz de não poder estar no morro, mas a equipe foi fantástica: Monique, Sassá, Nena, Beto, Adriano, uma galera aí. A Michelle do Chapéu, Monique da Babilônia, fora a equipe do Nena, Gabi, o pessoal deu continuidade e a gente está aí”, conta Dinei.[/vc_column_text][vc_column_text]

Esperança e Muita Luta no Porvir

Dinei acredita que não seremos mais os mesmos depois dessa pandemia e que está na hora de refletir sobre a arrogância e o individualismo do mundo atual:

“Acabando essa pandemia, a gente tem que fazer um debate sobre saúde pública. A gente tem que fazer um debate sobre segurança pública. A gente tem que fazer debate sobre acesso à cultura, habitação, porque a gente não pode ser mais o mesmo daqui pra frente, não pode se dizer que foi uma gripezinha e já passou”.

E comenta o lado positivo que a situação gerou, em tom de gratidão pelo esforço coletivo de pessoas que se doaram e ajudaram na campanha:

“As pessoas são muito solidárias com as ações sérias que a gente vem fazendo […] Todo mundo que estava nessa ação tem que ser lembrado. Todo mundo que ajudou o Babilônia, o Chapéu Mangueira contra o Coronavírus tem que ser lembrado […] A gente ficava feliz porque passava na casa dos moradores e os moradores mandavam mensagem, que tinham o básico pra comer, a gente conseguiu o básico pra muita gente […] A gente foi uma das favelas mais organizadas contra a COVID- 19, isso a gente tem que deixar marcado. Fizemos ações em homenagem aos profissionais de saúde, o transporte alternativo da favela foi contemplado, o mototáxi, a kombi, a gente contemplou os idosos, crianças, os acamados, as pessoas que estão acamadas com dificuldade de locomoção… a gente trabalhou muito”.

A campanha Babilônia e Chapéu Mangueira Contra o Coronavírus já arrecadou e distribuiu, aproximadamente, 2.000 cestas básicas, 2500 refeições, 1.000 kits de limpeza e 1.000 máscaras, ajudando cerca de 11.000 pessoas.[/vc_column_text][ultimate_spacer height=”50″][/vc_column][/vc_row][vc_row][vc_column width=”1/6″ offset=”vc_hidden-xs”][vc_single_image image=”3444″ alignment=”center”][/vc_column][vc_column width=”5/6″ offset=”vc_hidden-xs”][ultimate_spacer height=”50″][vc_column_text]

* Tamie Kawaoka – Formada em Administração pela UFBA e graduanda em Artes Visuais pela UERJ. Trabalha com gestão de projetos sociais e é voluntária da Revolusolar.

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