Nas últimas décadas, temos vivido inovações e avanços tecnológicos sem precedentes. Mas isso tem um preço. Ao passo que “avançamos”, surgem crises sem precedentes energéticas, ambientais, econômicas e sociais. Em 2021, o Brasil passa pela maior crise hídrica nos últimos 91 anos, comprovando que o uso dos recursos disponíveis e políticas vigentes se mostraram ineficientes. Encontramos um modelo de desenvolvimento, mas não sustentável.
A Organização das Nações Unidas (ONU) define o desenvolvimento sustentável “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades”. Foi neste contexto, de busca de um modelo de desenvolvimento que não comprometa o futuro, que os países membros da ONU se reuniram, em 2015, na COP-21 (21a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas – ou Conferência das Partes, como também é conhecida) e aprovaram o Acordo de Paris.
Neste acordo, os países assumem compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa e aprovaram a Agenda 2030, que traça 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a humanidade atingir em 15 anos. Esses objetivos tratam não apenas da questão ambiental, mas também de crescimento econômico e justiça social.
No entanto, ainda não avançamos como deveríamos. O último relatório do IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, mostra a gravidade da situação climática global decorrente da ação humana. Entre as conclusões divulgadas, estão:
- Aumento de 1,09ºC na temperatura em relação ao período pré-industrial (1850-1900);
- Aumento da umidade da atmosfera, desde 1950;
- Aquecimento e acidificação dos oceanos;
- Aumento do nível do mar, sendo que desde 1900 a taxa de elevação é a maior do que em qualquer outro período dos últimos 3.000 anos;
- As concentrações de gás carbônico, metano e óxido nitroso, os principais gases do efeito estufa, na atmosfera são as maiores em 800 mil anos.
Mas calma! Respira fundo que temos boas notícias a partir de agora.
Ainda que os dados sejam alarmantes, quiçá desesperadores, a década de 2020 é conhecida como a década da ação. É o momento da virada de chave: ou criamos um novo modelo de desenvolvimento, que permita o desenvolvimento socioeconômico, sem comprometer o meio ambiente, ou não teremos futuras gerações na Terra.
Do dia 31 de outubro a 12 de novembro deste ano, aconteceu em Glasgow, na Escócia, a COP-26, reunião de líderes globais onde foram debatidas ações para a humanidade superar a grave crise climática que vivemos. Crise esta que é associada, principalmente, às emissões de gases de efeito estufa resultantes da queima de combustíveis fósseis para geração de energia. A principal linha de ação discutida, então, é a descarbonização da matriz energética mundial: a passagem de uma matriz de alto carbono para uma matriz de baixo carbono, baseada em fontes renováveis, como a energia solar.
No Brasil, a já citada crise hídrica tem levado a aumentos das tarifas de energia e levantado discussões sobre o uso dos recursos energéticos disponíveis no país.
Em contramão da tendência global, o governo brasileiro tem buscado solução nas termelétricas, que só agravam a situação (ao poluir ainda mais e elevar os preços).
Precisamos de uma solução imediata para a crise brasileira, mas que também seja sustentável e alinhada com a transição energética que o mundo vive.
Com a recente viabilidade econômica alcançada principalmente pela fonte solar, temos uma oportunidade ímpar de promover esse desenvolvimento sustentável na retomada econômica pós pandemia. A energia sustentável oferece oportunidades de geração de empregos num mercado aquecido e possibilita energia mais barata para impulsionar o crescimento econômico.
No dia 27 de outubro, a Revolusolar realizou o 1o Fórum Brasileiro de Energia Sustentável e Inovação Social. Com convidados que são referência para nosso trabalho, discutimos a crise energética e ambiental, como a energia sustentável pode ser uma solução, e também como podemos nos reorganizar enquanto sociedade para construir esse mundo melhor que queremos no futuro. Em alinhamento com os objetivos da COP26, o Fórum representa nossa percepção acerca da urgência de uma radical transição energética, que considere não apenas os aspectos ambientais, mas também os sociais.
Há 6 anos, no dia 20 de outubro de 2015, a Revolusolar foi fundada na favela da Babilônia, no Rio. Hoje, a instituição atua também na favela do Chapéu Mangueira, e prepara-se para a replicação em outras comunidades nos próximos anos.
Estamos agindo para enfrentar essas crises. Vem com a gente?
Eduardo Avila é economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e entusiasta por inovação e sustentabilidade. Desde 2018 atua na gestão da Revolusolar e hoje é diretor executivo..
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