Kurasí Tury (AM)

Comunidade de Terra Preta, Manaus/AM

A comunidade indígena de Terra Preta está localizada às margens do baixo Rio Negro, a 4 horas de barco de Manaus, onde vivem 46 famílias da etnia Baré. O acesso à energia é a principal dificuldade que enfrentam, segundo os moradores.

Apesar de ter sido contemplada em 2017 com o Programa Luz Para Todos, a comunidade sofre com constantes e duradouras interrupções de fornecimento. Todos os dias, é preciso ligar o gerador a diesel durante 2 horas para o fornecimento de energia necessário.
Por intermediação da Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno (COPIME) e liderança local da Associação Comunitária Indígena de Terra Preta (ACINCTP), a Revolusolar chegou em 2022 na comunidade de Terra Preta.
Um sistema solar construído em 2023 abastece a escola e em abril de 2024 foi instalado um novo sistema, que fornece energia para o posto de saúde, a bomba d’água e o centro comunitário. O nome do projeto, Kurasí Tury, na língua nheengatu significa Energia do Sol.
Homens e mulheres da comunidade foram capacitados, em parceria com o Instituto Federal do Amazonas (IFAM),  como eletricistas de sistemas fotovoltaicos. Essas instalações solares com baterias, implantadas e mantidas pelos próprios moradores, trazem economias em despesas energéticas, mantêm o fornecimento de energia quando há queda da rede e contribuem para o desenvolvimento sustentável de atividades econômicas locais. 
Professores e comunicadores indígenas locais passaram por uma formação em energias renováveis e transição energética, e atuaram como multiplicadores desse conhecimento com toda a comunidade, incluindo crianças e adolescentes. Um dos produtos desses encontros foi uma cartilha sobre energia solar fotovoltaica na perspectiva indígena e cuidado com o meio ambiente.

Ações de eficiência energética e instalação de sistemas fotovoltaicos off grids (desconectado da rede elétrica e com sistema de baterias) abastecendo:

Escola Indígena Municipal Arú Waimi, que conta com 32 módulos fotovoltaicos, 6 baterias de lítio e 1 inversor, totalizando 10,5 kWp instalados, gerando economias na ordem de R$ 12.000 anuais e reduzindo a dependência do uso de diesel. A economia também está presente no uso do diesel para o gerador de energia: a prefeitura diminuiu pela metade o volume do combustível que era adquirido e transportado até a comunidade. São economizados cerca de R$112.000 anuais porque a produção solar está garantida!  

O sistema no Posto de saúde abastece o próprio posto, o sistema de bombeamento d’ água e o centro comunitário local. São 18 módulos fotovoltaicos, 6 baterias de lítio e 2 inversores, totalizando 10,35 kWp instalados e economias anuais na ordem de R$12.000.

Curso “Eletricista de Sistemas Fotovoltaicos”, com aulas teóricas e práticas (200h), oferecido pelo IFAM. Há 20 moradores formados e aptos a realizar a operação e a manutenção de sistemas fotovoltaicos, tendo participado como observadores e instaladores de energia solar.

Realizado em conjunto com educadores indígenas locais. Foram realizadas 6 oficinas sobre Energia Solar, Meio Ambiente, Florestas e Memórias Ancestrais para 72 moradores, entre crianças, adolescentes e adultos. Os conteúdos foram trabalhados em português e nheengatu, língua do povo Baré, procurando respeitá-la e preservá-la.

Por quê a Amazônia?

A Floresta Amazônica representa um terço das florestas tropicais do mundo, possuindo um papel imprescindível na manutenção de serviços ecossistêmicos, garantindo a qualidade do solo, os estoques de água doce e protegendo a biodiversidade.

A Amazônia Legal abriga a maior parte das comunidades indígenas do Brasil e grande parte desses povos dependem da floresta para conservar seu modo de vida e sua cultura.

O território brasileiro possui 8,5 milhões de km². Destes, 5 milhões são Amazônia Legal, o que representa 59% do território nacional. No entanto, a densidade demográfica na região ainda é baixa, com 5,6 habitantes por km² e muitas comunidades vivendo isoladas, com acesso à energia extremamente precário e sofrendo com a instabilidade e as frequentes quedas de luz.

Enquanto 99% da população brasileira tem acesso à eletricidade, a Amazônia segue isolada, com 14% da população, ou quase 1 milhão de pessoas, sem acesso à rede e vivendo na dependência de diesel para obter energia, mesmo a região sendo notável geradora e exportadora de energia renovável.

A implementação da energia solar nessas comunidades (especialmente com baterias) fortalece o território e sua resistência, melhora a qualidade de vida local e diminui o isolamento. Tudo isso sem que haja a destruição da floresta e do meio ambiente.

Para que este projeto fosse bem desenvolvido, era preciso compreender a realidade da comunidade onde atuamos. Para isso, em 2022 foi realizada uma pesquisa de diagnóstico com as famílias moradoras de Terra Preta. Em linhas gerais, a pesquisa teve como objetivo traçar um perfil social e econômico dos moradores, bem como avaliar seus hábitos de consumo e grau de conhecimento sobre questões relacionadas à energia elétrica.

Resultados

12kW

instalados (46 UCs*)

+R$12 mil

em economias com energia por ano

20

moradores formados

Apoio

Realização

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