A função social da energia solar fotovoltaica

Muito se tem falado sobre a energia solar fotovoltaica. Seus atributos mais conhecidos são a abundância da fonte em todo o planeta, assim como no Brasil, mais especificamente na faixa que começa no norte de Minas Gerais e se estende até os estados do nordeste brasileiro. Além disso, a energia solar também é conhecida pelo seu baixo custo de produção, devido à redução significativa do preço de seus componentes nos últimos anos, principalmente dos módulos solares. Mas o lado menos conhecido pela maioria das pessoas, é a capacidade que a energia solar fotovoltaica possui de prover energia de baixo custo em várias situações em que não seja possível ou viável entregar energia das formas convencionais.

Alguns exemplos desta situação:

1. Pequenas placas fotovoltaicas   acopladas a baterias e alojadas em garrafas PET, juntamente com LEDs, se tornam um instrumento de desenvolvimento social provendo iluminação pública em regiões que não são atendidas pela municipalidade, reduzindo os índices de violência, e agregando a comunidade em torno de uma melhora das condições locais.
2. Uma outra versão deste mesmo produto, tem a forma de um lampião a bateria, recarregável através de uma pequena placa solar. Esta versão permite que comunidades isoladas da rede elétrica possam desenvolver atividades que de outra forma estariam limitadas aos horários da luz do dia, como por exemplo estudo e trabalho no comércio em regiões ribeirinhas da Amazônia.
3. Situação similar ocorre com o desenvolvimento recentemente notificado de máquinas de fabricação de gelo movidas a energia solar, facilitando a conservação de alimentos em regiões isoladas e comunidades de pescadores que antes tinham que buscar alternativas mais caras e poluentes para poder comercializar sua produção.
4. Redução do custo de energia elétrica em comunidades de baixa renda urbanas, onde a conta de luz pode chegar a 30% ou 40% do orçamento familiar. A instalação de módulos solares isoladamente ou em cooperativas, tem um potencial imenso de auxiliar na melhora das condições de vida das comunidades. A Revolusolar é responsável pela primeira cooperativa de energia solar em favelas do Brasil!
5. Recentemente, o programa “Minha Casa Minha Vida” passou a adotar a instalação de módulos fotovoltaicos já desde a etapa do projeto das casas que estão construindo, reduzindo a conta de energia da população atendida.
6. Em regiões rurais, onde a capacidade de processar e congelar a polpa de frutas e outros alimentos produzidos localmente, faz com que aquele produto possa ser enviado para comercialização em centros urbanos a um valor mais elevado.
7. Redução de gastos de energia elétrica em escolas, hospitais e prédios da administração pública dos municípios, aliviando o orçamento para que sejam feitos maiores investimentos em saúde e educação.

Com todas estas oportunidades, e seguramente muitas outras que ainda serão desenvolvidas ao longo do tempo, podemos claramente identificar um potencial gigantesco de desenvolvimento social e melhora na qualidade de vida da população urbana e rural com o uso da tecnologia solar fotovoltaica.

É importante mencionar uma outra forma de desenvolvimento social associada à evolução da energia solar. A grande maioria das plantas solares de grande porte, a chamada geração centralizada, é instalada em regiões com maior irradiação solar, como mencionado anteriormente, localizadas desde o norte de Minas Gerais, até os estados do nordeste brasileiro. 

Esta região, em sua maior parte, é carente de oportunidades de empregos de qualidade. Com a construção destas plantas, que emprega por vezes milhares de pessoas durante a etapa de construção, abrem-se vagas para montadores mecânicos e elétricos, bem como várias outras funções associadas ao processo construtivo.

Na maioria dos casos, estas funções são preenchidas por homens, porém há registros de iniciativas específicas feitas para desenvolver também a integração de mão de obra feminina nestas obras, permitindo a integração das mulheres neste mercado e criando também a possibilidade de que estes profissionais, uma vez capacitados, possam participar de outras atividades e projetos semelhantes. Há referências similares de desenvolvimento de mão de obra especializada em instalações de energia distribuída, com montadores e eletricistas que além de contribuírem com suas próprias comunidades, se tornam profissionais de sucesso na região onde vivem, se qualificando para o trabalho de instalação de sistemas solares. A Revolusolar desenvolve este trabalho através do Programa de Formação Profissional. A Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR) estima que mais de 200 mil empregos foram criados no Brasil desde 2012, e a fonte solar é a que mais gera empregos em todo o mundo. A mesma tecnologia solar fotovoltaica que gera riquezas e põe comida na minha mesa, pode pôr comida na mesa de muitos outros, é só uma questão de nos organizarmos como sociedade para explorar este potencial da tecnologia.

Nelson Falcão é Diretor da NEXTracker, Vice Presidente de Cadeia Produtiva da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) e Conselheiro Consultivo da Revolusolar.

Fontes:

[1] https://www.ledplanet.com.br/litro-de-luz-uma-parceria-que-ilumina-o-mundo/

[2] https://www.temsustentavel.com.br/litro-de-luz-brasil-solucoes/

[3] https://canalsolar.com.br/maquina-de-gelo-movida-a-solar-beneficia-comunidades-da-amazonia/

[4] Cooperativa de Energia Solar na favela da Babilônia, Rio de Janeiro – Revolusolar

[5] https://vivagreen.com.br/noticias/energia-solar-no-minha-casa-minha-vida/

[6] https://blog.bluesol.com.br/energia-solar-fotovoltaica-rural/

[7] Usina Solar na Escolinha da Tia Percília na Babilônia, Rio de Janeiro – Revolusolar

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