Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência
Segundo a ONU, ciência e igualdade de gêneros são vitais para alcançar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável.
Com isso, desde 2016, no dia 11 de fevereiro é comemorado o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, com o objetivo de celebrar seus feitos na área e encorajar gerações mais novas a buscarem carreira científica! Essa data serve para dar visibilidade e conscientizar acerca das desigualdades de gênero nos ambientes de pesquisa e produção científica; reconhecer a importância das mulheres nesse campo e incentivar meninas a seguirem carreiras científicas
Em homenagem a este grande dia, conversamos com algumas mulheres que atuam no setor energético e fazem parte desse seleto grupo de mulheres pesquisadoras. Leia o que elas disseram para nós:

Anna Carolina Sermarini
Pesquisadora
Área de formação: Engenharia Ambiental
28 anos
“Na minha experiência como mulher no setor , assim como em todos os lugares, vejo que somos tratadas de forma diferenciada, no sentido de que, pelo menos nas reuniões que eu participo, tem sempre muito mais homens do que mulheres.
Já tive minha voz menos percebida quando tentei dar as minhas opiniões. Enquanto homens do meu lado deram a mesma opinião que a minha, minha voz não foi ouvida e a do homem foi. Então, acredito que isso seja realmente um tratamento diferenciado.
Acho que as mulheres devem entrar no ramo da ciência, precisamos de mais mulheres, principalmente no setor de energia, que temos muito poucas, especialmente na parte de engenharia elétrica. Precisamos muito de engenheiras eletricistas no ramo de solar. Eu super apoio todas as meninas e mulheres que querem entrar nesse ramo.
Uma mulher que me inspira é minha professora da UFRJ, professora Iene. Além de dar aulas maravilhosas, o poder que ela tinha de ter a concentração de todos os alunos e ter vários projetos ao mesmo tempo era inspirador, ela é uma mulher muito inspiradora. Eu sempre quis, pelo menos, ser parecida com ela.”

Bárbara Gomes
Bacharel em Energia e Sustentabilidade
Graduanda em Engenharia de Energias
25 anos
“Enquanto mulher no ramo de ciência e tecnologia, principalmente enquanto mulher preta, eu percebo ainda muita desconfiança em relação à nossa capacidade, em especial dentro do ambiente acadêmico. Entrei no mercado de trabalho há pouco tempo e fico feliz de não ter sentido nem vivenciado essas situações, nem comigo nem com as outras mulheres que trabalham comigo, não sofremos questionamentos em relação às nossas competências, habilidades e o nosso potencial de estar ali.
Eu diria para as meninas e para as mulheres que também querem entrar nesse setor, que elas não desistam! Que vai ser muito difícil, infelizmente, muitas vezes elas podem vir a se sentir sozinhas, poucas ali, mas que vai ser importante esse processo para que futuramente a gente não tenha tão poucas mulheres nesses espaços. E, principalmente, eu diria que elas ocupem todos os espaços de tomada de decisão que elas puderem. Uma das minhas principais referências dentro dessa área é a Sônia Guimarães. Outra referência, principalmente dentro do meu setor que é o setor de energia, seria a Bárbara Rubim. Mas para mim as mulheres que mais me ajudaram nesse processo são as minhas companheiras de curso que vivenciaram muitas coisas, muitos desafios comigo dentro da UFRB.”

Lilian Monteath
Consultora
Área de formação: Engenharia Elétrica
59 anos
“Primeiramente queria parabenizar a Revolusolar por esse trabalho bacana de promover o desenvolvimento sustentável das comunidades do Rio, e particularmente nesse Dia Internacional das Mulheres e das Meninas na Ciência, grande iniciativa!
Eu nunca tive problemas enquanto mulher, nenhuma discriminação, de forma alguma, pelo contrário. Acho que tive o privilégio de trabalhar com gestores que já viam o diferencial que significava ter mulheres no ambiente corporativo. Nas equipes onde eu trabalhei sempre tinham um percentual alto feminino, então, nunca tive nenhum problema em relação a isso. Inclusive fiz uma carreira lá em Recife e vim pra cá para montar o Operador Nacional do Sistema, onde eu tive muitas oportunidades de gestão, inclusive de liderar equipes, o que me deu realmente uma sensação de realização muito grande e muito plena pelo retorno que tenho dessas equipes.
O que eu diria para as meninas e mulheres que querem seguir a carreira de ciência é o seguinte: Se você é apaixonada pelo que você faz, vai firme que o resultado vai vir! O reconhecimento vai vir, pode ter certeza.
Quando entrei na Companhia Hidrelétrica do São Francisco, a minha gestora era uma mulher: Graça Camelo. Essa mulher para mim é uma inspiração, sempre, até hoje. É uma grande amiga e uma mulher que era de uma firmeza e de uma delicadeza ao tratar as pessoas que me chamava atenção, além do conhecimento, ela dominava aquilo que ela fazia. Eu estava entrando naquele mundo e ela sabia de tudo, dominava tudo e a forma como definia e liderava a equipe era uma coisa muito admirável. É também uma pessoa também de uma força interna, ela enfrentou um câncer com uma atitude admirável. Voltou, enfrentou preconceitos por ter passado por essa doença e venceu. Veio pro ONS também e brilhou. Então, é uma pessoa realmente de uma luz ímpar que é uma referência para mim. Então é isso, é bom tê-las.”
Uma mulher que me inspira é minha professora da UFRJ, professora Iene. Além de dar aulas maravilhosas, o poder que ela tinha de ter a concentração de todos os alunos e ter vários projetos ao mesmo tempo era inspirador, ela é uma mulher muito inspiradora. Eu sempre quis, pelo menos, ser parecida com ela.”

Marcela Peixoto
Analista de Sistema de Potência
44 anos
“O que eu penso em relação à colocação das mulheres hoje, não só no setor elétrico, mas na sociedade como um todo, é que anos atrás a gente reparava uma disparidade muito maior quando se comparava uma mulher à um homem. Mas eu reconheço que isso está se tornando um pouquinho diferente. Talvez não na velocidade que nós desejamos, mas com o passar do tempo as mulheres vem ganhando o seu lugar e fazendo a sua voz soar de uma maneira diferente, de uma maneira que possa ser ouvida, que possa ser compreendida, que possa ser respeitada.
O meu pensamento nesse sentido, é que a gente continue trabalhando de forma a fazer a nossa voz ecoar. Ecoar aos 4 cantos para que nosso trabalho seja reconhecido, respeitado, utilizado e valorizado dentro das empresas, de maneira que a gente possa, homens e mulheres, continuar contribuindo para a valorização e o crescimento do setor elétrico para a sociedade brasileira.
Ao longo dessa jornada muitas pessoas me inspiraram, mas quando eu me coloco para pensar em uma pessoa que foi referência na minha vida desde o início e que, embora hoje já esteja aposentada continua sendo o meu ponto de referência, uma pessoa que me ensinou muito não só de maneira profissional como pessoal também, o nome dela é Mirtes do Couto, uma pessoa muito reconhecida dentro do setor. Ela é minha fonte de inspiração! À ela todo meu carinho, todo meu respeito, a minha admiração e a minha vontade de fazer pelo menos um terço do que ela contribuiu pro setor elétrico brasileiro.”

Massami Saito
Consultora Ambiental
Mestranda em Tecnologia Social
51 anos
“Trabalho em uma área de engenharia e portanto, que tem uma predominância masculina e as questões de gênero aparecem muito, porque as mulheres têm pouco espaço e pouca voz. Então, salvo raras exceções, é um ambiente muito pouco agradável para as mulheres. Eu não diria agradável. É um ambiente onde os homens se sobressaem muito e as mulheres, em geral, são silenciadas e invisibilizadas. Na prática, isso acontece da seguinte forma: o engenheiro, homem, geralmente é o diretor, o gerente, o CEO, e as mulheres, mesmo que sendo engenheiras e com as mesmas capacidades técnicas, ficam em serviço de back-office. Então a gente faz levantamento de dados, planilhas, monta apresentação, faz relatório, faz ata, trabalhos invisibilizados. Já eles recebem relatórios e se sentam aos pares para tomada de decisão, é isso que acontece.
O que eu diria para as mulheres é para a gente persistir! Pra gente continuar na luta. A área de engenharia ambiental, curiosamente e felizmente, é uma área que tem uma presença forte de mulheres. Acho que a gente pode usar esse caminho e colocar muito mais mulheres na engenharia.
Eu admiro a Hipátia, uma matemática que viveu há muitos séculos em Alexandria. Ela foi responsável por descobrir e desenhar a teoria da elipse, sem a qual, a gente não teria as viagens espaciais. A Hipátia foi apedrejada em praça pública porque ela se declarou ateia e disse que a única religião que ela teria seria a da ciência. Então ela foi uma mulher muito marcante, mas pouco se fala dela.”
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